Ferramentas tecnológicas de ensino
O conceito de utilização da tecnologia para avaliação não é novo. No seu estudo, “Teaching Machines[1] “, Audrey Waters explica o processo pelo qual o psicólogo Sydney Pressey concebeu máquinas de ensino de escolha múltipla na década de 1920, precursoras das populares máquinas de ensino da década de 1960. Cita o filósofo Professor John Blyth, que escreveu em 1960: “Uma máquina de ensinar é simplesmente um dispositivo mecânico que apresenta ao aluno uma sucessão de itens instrumentais que requerem uma resposta distinta e que proporciona ao aluno uma verificação imediata da exatidão da sua resposta”[2].
Audrey Waters relaciona o seu estudo com forças socioeconómicas e sociopolíticas como a automatização, a normalização e a individualização na educação, ao mesmo tempo que considera o papel do mercado da tecnologia educativa. Afirma: “As máquinas de ensinar estão ligadas à mudança de expectativas quanto ao aspeto do currículo escolar, à sua conceção e à sua execução.”[3]
A introdução dos computadores, e da Internet em particular, acelerou a implementação da tecnologia para a aprendizagem e, consequentemente, da avaliação online. Patrick Craven[4] explica que, já no final dos anos 80, a Cambridge Assessmentexplorava o desenvolvimento de soluções para a realização da avaliação em computadores, para qualificações profissionais. O Teste de Funções de Processamento de Texto (Word Processing Functions Test) avaliava os alunos de secretariado através da monitorização da sua utilização de aplicações informáticas. No entanto, devido ao rápido ritmo de desenvolvimento do software, a atualização dos testes tornou-se praticamente impossível e a avaliação mudou o seu foco: da utilização da aplicação passou para o conhecimento do funcionamento do software, o que reduziu significativamente a validade dos testes.
As perguntas de escolha múltipla surgiram como um dos formatos mais frequentes da avaliação online. No entanto, embora as questões fossem relativamente fáceis de criar e dimensionar, esta abordagem tinha as suas limitações, e a associação generalizada de perguntas de escolha múltipla com a avaliação online pode ter impedido uma adoção mais ampla de outros formatos.
A seguir, exploraremos várias abordagens e aplicações da avaliação online, como a adoção de portefólios eletrónicos no ensino e formação profissionais, em desenvolvimento contínuo desde o início do século XXI.
Resumindo, a pandemia de COVID-19, que resultou no encerramento de escolas em muitos países e em restrições às oportunidades de aprendizagem em contexto de trabalho, parece ter aumentado o interesse em e a adoção da avaliação online como parte de uma “viragem para o digital” mais ampla (embora possa também ter conduzido a alguma desilusão com uma abordagem exclusivamente centrada no ensino online e não na aprendizagem online).
Outro fator impulsionador da avaliação online (bem como para a avaliação autêntica, ver abaixo), particularmente no ensino superior, é a capacidade cada vez maior das aplicações de Inteligência Artificial (IA) para gerar trabalhos originais e respostas a perguntas tradicionais de exames, incluindo trabalhos escritos.
[1] Audrey Waters (2021) Teaching Machines, The MIT Press
[2] Tradução da tradutora
[3] Ver 2
[4] Patrick Craven, History and Challenges of e-assessment. The ‘Cambridge Approach’ perspective – e-assessment research and development 1989 to 2009, https://www.cambridgeassessment.org.uk/Images/138440-history-and-challenges-of-e-assessment-the-cambridge-approach-perspective-e-assessment-research-and-development-1989-to-2009-by-patrick-craven.pdf